Sabe que todos os produtos frescos que compra e que pretende congelar perdem nutrientes se o processo demorar mais de 2 horas a atingir os -18ºC? Quase ninguém se lembra desta e outras regras, que garantem a segurança e a qualidade alimentar. A falta de tempo não pode ser uma desculpa para negligenciar a confeção das refeições diárias. Reunimos 6 dicas que vão ajudar

O que fazer para o almoço? O que comer ao jantar? Tenho o frigorífico vazio, o que devo comprar?

São dúvidas que se colocam diariamente a quem vive um corrupio diário e sem tempo… A preparação das refeições diárias é apenas mais uma espécie de tormento, que vai martelando a cabeça de quem tem de gerir uma casa e/ou uma família. Para evitar o stress associado a todas estas questões, nada melhor que fazer uma gestão alimentar do nosso dia-a-dia. Neste caso, a poupança de tempo, associada a uma gestão eficaz irá proporcionar disponibilidade acrescida para a realização de outras atividades.

 

Escolhemos  6 dicas que vão ajudar a ganhar tempo, com uma garantia saudável:

 

  1. Planear semanalmente as refeições que vão ser necessárias é a melhor forma para uma boa gestão alimentar. As refeições devem ser definidas de acordo com os géneros alimentícios que dispõe em casa e, só depois de verificar quais os produtos que não tem disponíveis, é que deve elaborar uma lista de compras. Mas, tenha em atenção as quantidades, compre tão só e apenas a quantidade suficiente, por forma a diminuir o desperdício alimentar. Nunca é demais lembrar que não deve partir para as compras com o estômago vazio, se o fizer, acaba por comprar o que não necessita. É o cérebro que o faz cair nessa tentação.
  2.  – Prefira sempre os produtos frescos, em vez de produtos processados, estes últimos, além de mais caros, são, decididamente menos saudáveis. Note que as batatas pré fritas congeladas, já são alimentos processados, tal como as bolachas, lasanhas e todas as
    refeições que já estão pré-cozinhadas.
  3.  – A observação dos rótulos alimentares pode roubar-lhe algum tempo, mas torna-se de primordial importância para a nossa saúde, pois permite distinguir um produto “saudável” do designado “lixo alimentar”.
    O primeiro passo é identificar o rótulo nutricional e a lista de ingredientes. Normalmente, o rótulo nutricional inclui o valor energético do género alimentício (vulgarmente designado por calorias), bem como outros dados nutricionais do produto, nos quais se incluem a quantificação dos lípidos, proteínas, hidratos de carbono e açúcares, entre outros. Para uma alimentação saudável deverá ter em atenção o valor calórico do produto, mas também a quantidade de lípidos, nomeadamente os ácidos gordos saturados, os açúcares e o sal. Geralmente, os alimentos mais saudáveis possuem um teor mais reduzido destes nutrientes. A lista de ingredientes encontra-se por ordem decrescente de quantidades, ou seja, os que aparecem em primeiro lugar existem em maior quantidade no alimento.
  4.  – Alertamos ainda para a necessidade de verificar o prazo de validade obrigatoriamente e antes da aquisição do género alimentício, devendo-se escolher sempre o que possui maior prazo de validade. Deverá ainda ter uma atenção redobrada à designação que está presente na embalagem. Assim, os géneros alimentícios com a designação “consumir até…” encontram-se nos produtos mais perecíveis (iogurtes, queijo, carne picada, entre outros), sendo que estes não podem ser consumidos após a data indicada. Os produtos com a designação “consumir de preferência antes de…” podem ser consumidos após a data indicada, embora possam apresentar alterações organoléticas e/ou nutricionais que podem comprometer a qualidade. Esta designação encontra-se nos produtos não perecíveis, como os cereais, as conservas, as especiarias e outros.
  5. – Terminadas as compras, deve ter em atenção as regras de acondicionamento dos produtos porque, também neste processo, há procedimentos obrigatórios. Os produtos refrigerados deverão ser acondicionados o mais rapidamente possível em equipamento de refrigeração, a temperaturas entre 1 a 7°C, de acordo com a sua tipologia e a informação que está no respetivo rótulo. Situação semelhante acontece com os produtos congelados, que deverão ser acondicionados em equipamento de congelação a temperaturas inferiores ou iguais a -18°C.Quanto à congelação de produtos frescos não podemos recomendar os equipamentos domésticos, como os congeladores vulgares que todos temos em casa. Isto porque, o processo de congelação lenta origina formação de cristais de gelo, repercutindo-se em perdas nutricionais durante o processo de descongelação e confeção dos mesmos. Como exemplo, observe o aspeto do pão que congelou há alguns dias e rapidamente deteta os cristas de gelo que aqui falamos. Aliás, na área da “restauração”, este procedimento é mesmo proibido, pelo que é exigido o recurso a equipamento específicos para a congelação rápida, como é o caso do abatedor de temperatura. Este procedimento é aplicado não por questões de segurança alimentar, mas tão só, para garantir a qualidade dos produtos que se vão congelar.Para manter a qualidade dos produtos exige-se que os alimentos sejam congelados rapidamente, atingindo -18°C no interior do produto (centro térmico) em 1 a 2 horas aproximadamente. Os vulgares congeladores não têm essa capacidade e, mesmo que o equipamento indique uma temperatura de -18°C, o produto irá demorar 4 a 5 horas a congelar. Não sugerimos que evite usar o congelador lá de casa, mas podemos recomendar que não deixe o produto em congelação durante muito tempo (meses…), sob pena de perder a qualidade nutricional, precisamente aquela caraterística que justificou a sua aquisição em fresco.
  6.  – Se congelar tem regras próprias, para descongelar, o tempo e a temperatura têm um papel ainda mais importante. Há procedimentos que devem ser mesmo seguidos, caso contrário, estamos a pôr em causa a qualidade do produto, mas também a sua segurança. Para este caso, sugerimos que a descongelação não seja feita à temperatura ambiente e, muito menos, recorrendo à descongelação com a ajuda de água (seja quente ou fria). Um e outro método podem provocar o desenvolvimento de microrganismos, que acabam por fragilizar a segurança do alimento. O recurso ao micro-ondas, usado na opção “descongelar” é, em última instância, a forma mais rápida de resolver o problema da refeição com um produto congelado. Contudo, o ideal e mais saudável é um planeamento das refeições eficaz, de modo a que possa descongelar o alimento de véspera e dentro do frigorífico. Há exceções, claro, nos casos em que o próprio produto tem a indicação no rótulo de que não necessita de descongelação prévia, casos como, os rissóis, legumes congelados e outros.

Seguindo estas seis dicas, ficamos todos prontos e mais seguros para iniciar uma nova semana com a confeção das refeições que definimos. Apesar do tempo despendido no planeamento, evitam-se as situações de stress diário, associadas a esta temática tão importante na promoção de uma vida saudável. Todos ganham tempo e segurança.

 

Rute Pastor

(engenheira alimentar)

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